Muitas marcas geradas pela violência contra o sexo feminino ainda estão presentes na atual sociedade contemporânea, que mesmo descrita como igualitária mantém em parte da sua população uma cultura que tende a desvalorizar a mulher e seus princípios. Apesar disso, observa-se que a cada geração elas têm se tornado mais independentes e com maior consciência de seus direitos como cidadãs, tornando sua imagem mais marcante, tanto através de sua presença em campos empresariais, políticos e sociais, quanto na demonstração de sua imagem como um ser humano que independente do gênero deve ser respeitado.
A linha temporal da valorização da mulher é algo realmente encantador, todas as idas às ruas com milhares de vozes femininas pedindo igualdade e lutando para que as mulheres fossem vistas não como um objeto de desejo mas como pessoas com emoções, necessidades e direitos, sendo assim seguidas de incontáveis conquistas. Mas, infelizmente, muitas mulheres na sociedade atual esquecem-se das lutas que outras passaram para que as crianças da época pudessem hoje se tornar mulheres independentes e respeitadas, e aceitam a condição a violência que vivem, seja em casa, na escola, no trabalho ou nas ruas.
Mesmo com sua independência conquistada, muitas mulheres sofrem com a violência a qual não precisa ser necessariamente física ou sexual, os casos mais divulgados pela mídia, ela também pode ser psicológica, moral ou patrimonial, entendida como qualquer conduta que fira a dignidade da mulher. Logo, apesar de todo o progresso e do aumento de denúncias contra a agressão, muitas mulheres ainda vivem escondidas de seus direitos, sujeitando-se à violência por medo de se manifestar.
O aumento do número de queixas é resultado da quebra do costume que a sociedade atual tem de culpar a mulher por algo que ela sofreu. É apresente cultura da inversão dos papéis, onde coloca-se o agressor como inocente e a vítima como causadora da situação, uma realidade com números assustadores para uma época vista como "moderna e humanizada". Segundo a pesquisa do Ipea, cujos dados revelam que 65,1% dos entrevistados concordam de alguma maneira que as mulheres que são agredidas pelos parceiros e continuam com eles "gostam de apanhar", sem levar em consideração nenhum outro fator, como filhos ou mesmo a falta de auxílio da família, que as deixam ser ter para onde ir senão para a casa, onde está o seu agressor, vê-se que em alguns pontos específicos a sociedade contemporânea não se difere tanto dos velhos pensamentos machistas e medievais.
Ainda conforme o Ipea, 26% das pessoas que deram a entrevista concordam que mulheres que usam roupas curtas, decotadas ou justas merecem ser estupradas. E então, apesar dos protestos no dia 8 de março de 1857, cujas "rebeldes" americanas foram duramente reprimidas, e anos depois, homenageadas pela ONU com a lembrança desta data que passou a ser o Dia Internacional da Mulher, ainda há muitas lutas que as atuais meninas, futuras mulheres, terão de continuar a fim de que seu corpo deixe de ser visto como um meio de propaganda pública e que sua imagem torne-se livre dos discursos medievais que colocam-na como inferior aos homens, dependente deles.