sábado, 24 de maio de 2014

A política medieval feminina

     Muitas marcas geradas pela violência contra o sexo feminino ainda estão presentes na atual sociedade contemporânea, que mesmo descrita como igualitária mantém em parte da sua população uma cultura que tende a desvalorizar a mulher e seus princípios. Apesar disso, observa-se que a cada geração elas têm se tornado mais independentes e com maior consciência de seus direitos como cidadãs, tornando sua imagem mais marcante, tanto através de sua presença em campos empresariais, políticos e sociais, quanto na demonstração de sua imagem como um ser humano que independente do gênero deve ser respeitado.
     A linha temporal da valorização da mulher é algo realmente encantador, todas as idas às ruas com milhares de vozes femininas pedindo igualdade e lutando para que as mulheres fossem vistas não como um objeto de desejo mas como pessoas com emoções, necessidades e direitos, sendo assim seguidas de incontáveis conquistas. Mas, infelizmente, muitas mulheres na sociedade atual esquecem-se das lutas que outras passaram para que as crianças da época pudessem hoje se tornar mulheres independentes e respeitadas, e aceitam a condição a violência que vivem, seja em casa, na escola, no trabalho ou nas ruas.
     Mesmo com sua independência conquistada, muitas mulheres sofrem com a violência a qual não precisa ser necessariamente física ou sexual, os casos mais divulgados pela mídia, ela também pode ser psicológica, moral ou patrimonial, entendida como qualquer conduta que fira a dignidade da mulher. Logo, apesar de todo o progresso e do aumento de denúncias contra a agressão, muitas mulheres ainda vivem escondidas de seus direitos, sujeitando-se à violência por medo de se manifestar.
     O aumento do número de queixas é resultado da quebra do costume que a sociedade atual tem de culpar a mulher por algo que ela sofreu. É apresente cultura da inversão dos papéis, onde coloca-se o agressor como inocente e a vítima como causadora da situação, uma realidade com números assustadores para uma época vista como "moderna e humanizada". Segundo a pesquisa do Ipea, cujos dados revelam que 65,1% dos entrevistados concordam de alguma maneira que as mulheres que são agredidas pelos parceiros e continuam com eles "gostam de apanhar", sem levar em consideração nenhum outro fator, como filhos ou mesmo a falta de auxílio da família, que as deixam ser ter para onde ir senão para a casa, onde está o seu agressor, vê-se que em alguns pontos específicos a sociedade contemporânea não se difere tanto dos velhos pensamentos machistas e medievais.
     Ainda conforme o Ipea, 26% das pessoas que deram a entrevista concordam que mulheres que usam roupas curtas, decotadas ou justas merecem ser estupradas. E então, apesar dos protestos no dia 8 de março de 1857, cujas "rebeldes" americanas foram duramente reprimidas, e anos depois, homenageadas pela ONU com a lembrança desta data que passou a ser o Dia Internacional da Mulher,  ainda há muitas lutas que as atuais meninas, futuras mulheres, terão de continuar a fim de que seu corpo deixe de ser visto como um meio de propaganda pública e que sua imagem torne-se livre dos discursos medievais que colocam-na como inferior aos homens, dependente deles.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

A natureza humana

     O passar dos anos trás à humanidade inúmeras mudanças, faz com que os avanços tecnológicos e a necessidade de se tornar cada vez mais desenvolvido mova o mundo atual. O desaparecimento de velhos costumes, a adaptação ao ambiente e o encontro de novas preocupações fazem parte do avanço científico global.
     Desde o século XVIII, com a Primeira Revolução Industrial, despontou no homem o desejo do lucro acima de qualquer outro quesito, seja ele ambiental ou ético, social. Assim se deu o passar do tempo, cheio transformações, boas e ruins, até chegar aos dias de hoje com as consequências que todo este processo trouxe.
     Quanto a evolução da humanidade, vê-se que nas áreas cuja relação são os diretos humanos, houve um relativo processo igualitário. Já aos campos naturais, revelou-se o surgimento de uma nova palavra, sustentabilidade, que demonstra indiretamente o quão grande têm sido os problemas acarretados ao longo dos anos.
     O século XXI revelou-se o tempo em que as pessoas apresentam uma preocupação cada vez maior de encontrar soluções para os atuais problemas ambientais. O chamado 'século verde' recebeu como lema a sustentabilidade que, numa definição simples, abrange ações e atividades que visam suprir as necessidades atuais do seres humanos sem comprometer o futuro das próximas gerações.
     Todo o uso constante e inconsciente dos recursos naturais bombardeou o equilíbrio ecológico da Terra, uma vez que estes produtos são retirados e não recebem tempo suficiente para se recompor. Os distúrbios enfrentados pelo planeta levam milhões de pessoas a repensarem seus hábitos, fazerem campanhas e, até os líderes de grandes empresas a buscarem meios mais sustentáveis de produção, mesmo que seu lucro seja levemente afetado.
     A sustentabilidade é um assunto exposto diariamente perante os cidadãos, todavia, o grande problema é a real conscientização de que é preciso poupar a natureza do desgaste excessivo de seus recursos. As pessoas sabem que a natureza sofre e que isso pode trazer danos para a sociedade, desejam fazer algo para colaborar com um desenvolvimento sustentável, entretanto, o estilo de vida escolhido pelo mundo prioriza o conforto à escolhas sustentáveis. Colaborar para a preservação do equilíbrio natural requer a ajuda não apenas de poucas autoridades, mas também dos cidadãos como um todo.

domingo, 4 de maio de 2014

Grafite e expressão

     Para alguns uma linguagem artística, um meio rápido de  veiculação de críticas sem a intervenção da mão midiática de manipulação; Para outros, puro vandalismo. Trata-se do grafite, que em uma definição mais popular é um tipo de inscrição feita em parede. Ou numa descrição mais específica, pode-se entender que esta palavra, graffiti, tem origem italiana e significa "escrita feita com carvão", esse conceito baseia-se na ideia de esta ser uma forma de arte de rua, feita com materiais variados, desde o próprio grafite até tintas e sprays, que exprime ideias, modifica a paisagem urbana.
     O estilo grafiteiro de manifestação teve origem em 1970 com o americano nova-iorquino Jean-Michel Basquiat, reconhecido a partir de então como artista plástico. É importante observar, antes de qualquer argumentação, que há grandes distâncias entre o lambe-lambe, outra forma de referência ao grafite, e a pichação em si. Aquele é uma crítica em forma de desenho, tendo isto como objetivo desde sua criação. Este é apenas um incomodo, uma sujeira usada especialmente no contexto das disputas entre gangues, que usam-no como uma espécie de demarcação de poder e território.
     É certo que, em meio a essa diferenciação, alguns grafiteiros têm encontrado problemas com a lei e com a polícia devido ao seu modo de "arte", mas, uma vez que os direitos do próximo mantenham-se preservados, ou seja, que a pintura seja feita sob a consciência de que será apresentada numa linguagem universal, a visão e a interpretação pessoal, para um público de todas idades, gêneros e etnias, não há grandes problemas. 
     Para muitos, o grafite se tornou uma espécie de cultura, levando seus autores a receber convites para atuar em fachadas externas de monumentos públicos, como museus, e em galerias de arte, como a Tate Modern, em Londres. É uma forma democrática de demonstrar a liberdade de expressão do povo, vez que qualquer cidadão, independente de sua classe social, pode se expressar, seja de maneira artística, para embelezar uma simples parede cinza, ou com o objetivo de fazer uma crítica de interesse público. De mesmo modo, todo cidadão pode ter acesso a essa arte, ao poder de ver o grafite sem precisar de alguma especificidade.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Black Bloc: Defensivo ou ofensivo?

     Marcados pelo uso de roupas pretas e pelo encobrimento da face, os pertencentes ao grupo do Black Bloc usam de táticas de reivindicações antigas, surgidas em 1980, na Alemanha, mas que são uma novidade nos protestos ocorridos no Brasil. Tornou-se um grupo conhecido, cuja repercussão e dinâmica podem ser equiparadas ao Anonymous, outro movimento de rede descentralizada, e que ganhou grande destaque nos protestos brasileiros, tornando-se um símbolo de luta durante a "Revolução dos 20 centavos", ocorrida contra o aumento das passagens de ônibus, em junho de 2013.
    Comumente chamados de "vândalos" são, na verdade, mais um conjunto de cidadãos insatisfeitos, buscando melhorias e reivindicando seus direitos como nacionais brasileiros. Baseados numa estrutura informal, os Black Blocs se demonstram sem hierarquia e  com poder descentralizado, tendo, em suas vestimentas, não somente a finalidade de proteção e anonimato, mas também a demonstração simbólica de que são um único e imenso bloco que atua em conjunto. Os participantes do Black Bloc se organizam, de modo geral, em pequenos grupos de afinidade que podem ou não ser organizados no momento dos protestos, atuando, sempre, de maneira independente dentro das manifestações. 
     Quanto ao seu modo de ação direta, não apresenta um padrão rígido, logo, não  deve-se acreditar na hipocrisia de que  não há, dentro destes movimentos, infiltrados baderneiros, que se aproveitam da ocasião para realizar atividades de furto, roubo e vandalismo. Uma vez que o Black Bloc deixe de ser visto como uma mera organização de vândalos, e que passe a ser analisado como o que verdadeiramente é, uma estratégia de autodefesa contra a violência policial, além de uma forma de protesto baseada na depredação dos símbolos do estado e do capitalismo, tornar-se-á mais efetivo em suas reações.
     Ao passo que as manifestações pacíficas são de agrado à população de uma maneira geral, nem sempre estas recebem a atenção do governo, todavia, em contrapartida, àquelas que optam por uma tática de ação mais direta representam de maneira enfática a revolta da população acerca de suas reivindicações, logo, atraem, com facilidade, a atenção da mídia e dos governantes.  Deste modo, o Black Bloc, apesar de ser considerado um movimento um tanto"radical", é legítimo em suas táticas, buscando, nada mais que seus direitos, e usando destes para expressar sua inconformidade.
     A democracia permite a cada um que exija seus direitos como cidadão e os deveres daqueles que são eleitos para representar o país. A forma de governo com o qual o Brasil é organizado necessita a participação do povo, assim como o voto é um direito obrigatório para os civis, também deveria ser uma regra que aqueles que fossem colocados ao poder se comprometessem a cumprir com suas obrigações.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Leitura na atualidade: superficial ou funcional?

     A era da tecnologia avança num caminho contínuo, no qual, esta torna-se cada vez mais ativa na vida da sociedade, contudo, a influência que os avanços digitais têm gerado podem ser vistos em um todo como sendo apenas positivos ou estes, como acreditam alguns mais conservadores, têm agredido os hábitos culturais da população?
     No campo de desenvolvimento educacional, especialmente se voltado para a língua portuguesa, é facilmente notável a influência gerada pela progressão tecnológica: a necessidade que a internet passa aos seus usuários de rapidez, de realizar tudo momentaneamente, levando a abreviações que, no contexto atual, já tornaram-se parte de uma nova "linguagem", a dos internautas. Porém, é necessário ponderar os julgamentos, uma vez que esta também disponibiliza uma variedade de pesquisas e leituras infinitas àqueles que a utilizam como uma ferramenta de aprendizagem.
     A cada dia observa-se o desenvolvimento das novas gerações e, com estas, as mudanças dos costumeiros hábitos das gerações anteriores, assim, por mais críticas que esta transição receba, ela é um meio necessário para o crescimento da sociedade humana como um todo. A questão da leitura tem sido alvo de muitos comentários, vez que acredita-se que esta tem se tornado mais escassa e superficial com a invasão digital no cotidiano da população. Todavia, é necessário ter em mente que este habito, ler, não se desenvolve somente por livros, vez que a internet é também uma rica fonte de informações.
     O ato de ler nunca foi algo plenamente exercido pela população, primeiramente, pela falta de acesso destes aos livros, obstáculo que foi facilmente vencido pelo arsenal de textos e arquivos em pdf que ficam disponíveis para serem baixados e lidos. E, posteriormente, pela falta de incentivo que abrange boa parte da população. De qualquer maneira, desde os tempos de outras gerações, as leituras mais complexas e longas sempre se destinavam para uma minoria populacional, e, a era atual de tecnologia não muda este fato, apenas torna o acesso menos restrito.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Trote universitário: diversão ou abuso?

   Um dos maiores motivos de comemoração durante a vida estudantil é a tão esperada aprovação na universidade desejada. Muitas festas são organizadas àqueles que conseguem passar no, as vezes tão temido, vestibular. Entretanto, em muitos casos, quando essa celebração ocorre no campo universitário, entre novatos e veteranos, o clima e o relacionamento entre estes não é tão agradável.
   A recepção aos recém-aprovados vai desde de brincadeiras mais saudáveis, que tem o consentimento do aluno que participará do trote e não envolve humilhações, ideologias machistas, sexistas ou racistas, são as tradicionais pinturas no corpo, o velho banho de lama, ou as mais recentes propostas de ações solidárias. Até aquelas em que há o abuso dos veteranos, forçando a participação dos "bichos", expressão comumente usada para se referir aos novatos, e realizando trotes que chegam a ultrapassar os limites morais, trazendo grandes consequências para os estudantes, sejam psicológicas ou físicas.
   Assim como o anti-herói Brás Cubas, personagem que evidencia seu caráter pendente à atos de "dominação" sobre os mais vulneráveis, do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, obra do autor brasileiro Machado de Assis, os responsáveis pela migração da tradição do trote se formaram em direito em Coimbra, como era comum entre membros da elite no século XIX. Assim, este ato foi incorporado às "boas-vindas" nos cursos de direito em São Paulo e Pernambuco, fazendo sua primeira, e não única, vítima fatal em 1831: o estudante Francisco Cunha e Meneses, da Faculdade de Direito de Recife.
   Persistentes até os dias de hoje, os trotes atuam sobre o pretexto de ser uma tradição que proporciona integração entre calouros e veteranos, entretanto, quando organizado de maneira ambígua, voltando-se para humilhações e constrangimentos, tornam-se um reforço à hierarquia interna da faculdade, uma relação de poder onde os estudantes mais experientes dominam sobre os novatos. Portanto, se baseados nesta visão egoísta e separatista de "sábios", veteranos, e "bichos", calouros, os trotes universitários naturalizam a violência, agredindo calouros que serão futuros agressores, gerando, sim, um castigo sem crime.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Bem-vindos a velha Roma

   Os relógios já são, diariamente, programados para reservar aquele momento especial de descanso em frente a televisão. A rotina dos brasileiros é organizada em função dos horários das telenovelas. Seja para assistir sozinho ou acompanhado, na sala confortável de casa ou numa mesa de restaurante, nenhum capítulo pode ser perdido e, se por um acaso isso ocorra, sempre é possível, sem maiores dificuldades, buscar os acontecimentos perdidos em revistas, sites da internet, ou, em homenagem àqueles que gostam de conversar sobre assuntos novelísticos, com os amigos. Uma vez que as telenovelas se tornaram um dos principais meios de entretenimento para a população, deve-se questionar até que ponto estas servem como uma mera recreação e onde começam a influenciar o desenvolvimento social e cultural da sociedade. Desse modo, as telenovelas brasileiras têm sido usadas com a finalidade de conscientização ou  apenas mais um meio de manipulação?
    Embora sejam apresentados vários problemas sociais, as novelas, que conquistaram o privilegiado horário noturno nas telas dos brasileiros, não necessariamente conscientizam a população. A dramatização Romântica e o exagero, quase que barroco, são mecanismos tão fortemente utilizados pelos produtores que chegam ao ponto de, para conseguir um enredo chamativo e cativante, ultrapassar a linha entre os acontecimentos lógicos e a irrealidade. Esta, não no sentido de  apresentar uma alusão folclórica ou mítica, cercando assuntos que, muitas vezes são corriqueiros e polêmicos entre as pessoas, tais como fantasmas, clones, e magia, mas sim no sentido de transcender as próprias leis humanas, chegar a fatos absurdos que passam, muitas vezes, despercebidos pelos telespectadores que têm sua atenção desviada para os temas de maior controvérsia, seja a mulher que traiu o marido, o vilão que foi pego ou que obteve sucesso, a vingança bem sucedida, a briga, ou até mesmo uma personagem em especial.
"Não penso. Não existo. Só assisto."
     Em realidade, as telenovelas poderiam, se utilizadas da maneira correta, sim, ser um bom veículo de conscientização, especialmente devido a sua alta repercussão. Porém, com toda a overdose melodramática que apresentam, estas ficam cada vez mais próximas de um meio de alienação, assemelhando-se com a velha política de pão e circo, fundada, oficialmente, pelos líderes romanos, que a utilizavam para lidar com a população em geral, mantendo-a fiel à ordem estabelecida e conquistando seu apoio.  A ideia em que essa política se baseava consistia, basicamente, no ato de desviar a atenção da população dos núcleos principais, política e problemas na sociedade, para núcleos humorísticos, na época, espetáculos de gladiadores, atualmente, recursos variados, futebol, televisão, mídia. Logo, a alienação, em muitos casos, acaba tornando-se involuntária, sempre indesejada, mas que, como um tímido visitante, vai chegando aos pouquinhos e se infiltrando na consciência da população.
      Em suma, não só as telenovelas, mas também toda a mídia, foram corrompidas pela soberba e desejo de poder dos que estão no comando do Brasil. País este que, segundo a revista inglesa The Economist, é "Um país de não-leitores", tendo como um principais fatores que desencorajam a leitura o fato dos livros serem tão caros. Mas, realmente, quando comparada com a televisão, a leitura é um hábito difícil de se formar. Os livros, que deveriam ser um incentivo do governo, competem com centenas de comerciais que anunciam, todos os dias, um novo capítulo da novela. Então, o que é apresentado aos brasileiros: Pão e circo ou educação?  

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Nada se perde, tudo se transforma

     Ensinados desde o berço, os valores morais são responsáveis pela manutenção da ordem entre as pessoas, sendo impostos pela sociedade em que se vive e variando em alguns preceitos básicos de acordo com a cultura local. Independentemente de quaisquer afirmações acerca da moral e da ética, vê-se em comum a finalidade geral que pode ser definida como "respeito à vida". A consciência dos valores morais não morre e muito menos pode ser destruída, ao passo que é moldada conforme as necessidades e influências do convívio com os demais grupos sociais, uma vez que a vida não é individual, mas sim coletiva, dependente de outras.
     Passados de geração em geração, os princípios da moralidade, ou a sua falta, são evidenciados em atitudes diárias do cotidiano. Esse é provado através de escolhas, boas ou ruins, pensadas ou impulsivas. Segundo Immanuel Kant, o homem é um ser que se auto-regula a si mesmo e que se auto determina em liberdade, tendo poder absoluto sobre si e sendo, ao mesmo tempo, Legislador e Súbdito, assim, observa-se que, segundo o filósofo, o próprio ser humano delimita sua liberdade através da Razão e tem por juíz a sua própria consciência. Contudo, na sociedade, cada ato considerado por ela impróprio é julgado e punido perante as leis sociais vigentes. 
     Uma vez que o livre arbítrio encaixou-se na humanidade, nós, seres humanos, aproveitamo-nos da autonomia de pensamento para condenar os demais antes de analisarmos nossas próprias atitudes. Logo, deveríamos agir com a inocência e honestidade das crianças, que em pequenas atitudes demonstram mais sabedoria e compaixão que muitos adultos que, por ganância, erram, roubam, enganam, e não desejam mudar. Cometem crimes como a falta de amor pelo próximo, que leva a um homicídio, ou a irresponsabilidade de dirigir alcoolizado, que coloca vidas em perigo, ou ainda a soberba e a falta de respeito, que leva a corrupção e ao desvio de dinheiro publico.
     Contudo, nós vivemos em grupos, sociedades, e por isso um erro não é exclusivamente de uma única pessoa, a responsabilidade é de todos. Se há um político corrupto, é porque o povo o colocou lá, então, convém ao povo encontrar uma solução, seja uma ONG, uma reeleição, ou maior vigor quanto a ficha limpa. Assim é a ética, um instrumento indispensável para o bom funcionamento da sociedade e integração dos indivíduos nela. Valor moral é respeito à vida, nossa e de todos.